domingo, 27 de outubro de 2013

À uma estranha que tomou conta dos meus dias.

Com um sorriso leve eu me sinto refletida na bagunça do meu quarto, nos meus cigarros meio acessos e nas minhas unhas roídas. Deitada aqui de barriga pra baixo sobre roupas e papéis, castigando com força as teclas, com os olhos cansados e a mente meio nublada eu penso em setembro que pareceu um ano inteiro ou em outubro que passou como um suspiro rápido, eu tendo me lembrar das camas que dormi, das bocas que beijei, dos corpos que eu percorri, dos pensamentos incoerentes que tive, tento me lembrar de rostos de desconhecidos que eu conheci tão bem, ou dos conhecidos que eu desconheci, mas eu só vejo correnteza, forte e imutável, eu vejo a dor dissipada, eu me vejo de pé na frente de cachoeiras distintas, eu me vejo submersa e não escuto nada, como é possivel andar tão descompassada, como é possivel não se sentir presa, como é possivel eu ter esquecido de mim.
Eu me olho no espelho dois minutos inteiros, eu revejo fotos que eu prometi pra mim mesma nunca mais olhar, eu escuto musicas que me faziam tremer, eu procuro descobrir do que eu estava fugindo antes, e por mais que eu tenha as respostas, elas me parecem a vida de outra pessoa, não digo simplesmente que mudei, eu só me assusto com a facilidade que eu tive de adotar as posturas que eu sempre quis pra mim.
Larguei conceitos tao arraigados, e eu que sempre me orgulhei de me conhecer tão bem, acabei feliz, mesmo que felicidade seja superestimada e que eu consiga agora me surpreender comigo, acabei feliz, com esse sorriso leve e bagunçado sem saber muito bem como lidar com essa estranha que de repente tomou conta dos meus dias e que vaga livremente pelas minhas lembranças, ela que não se sente mais parte disso mas consegue mesmo assim amar e aproveitar a parte boa de não saber.

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